Vacinação mais infecção prévia: proteção durante a onda ômicron no Brasil
Autoria:
Thiago Cerqueira-Silva, Vinicius de Araujo Oliveira, Enny S Paixão, Pilar Tavares Veras Florentino, Gerson O Penna, Neil Pearce, Guilherme L Werneck, Maurício L Barreto, Viviane S Boaventura, Manoel Barral-Netto
Publicado em:
Destaques:
Análise sobre o efeito da imunidade híbrida na prevenção de infecções e desfechos graves durante a circulação da variante Omicron no Brasil.
Há um aumento moderado e transitório da proteção oferecida pelos reforços da vacina contra a infecção sintomática.
Esforços futuros devem se concentrar na prevenção de infecção sintomática ou doença grave.
A proteção contra resultados graves após uma infecção anterior foi relativamente alta, aumentando com a vacinação.
A vacinação com infecção anterior mostrou um aumento moderado na proteção contra infecção sintomática, diminuindo ao longo do tempo
Há proteção substancial após reforço vacinal contra resultados graves da doença.
Resumo:
Analisar o efeito da imunidade híbrida (imunidade derivada de infecção mais vacinação) na prevenção de infecções e desfechos graves durante a circulação da variante omicron no Brasil
Analisar a eficácia da vacina em indivíduos previamente infectados, comparando com dois grupos:
Não vacinados com infecção prévia.
Não vacinados sem infecção prévia
Usando bancos de dados nacionais, fizemos um estudo de teste-negativo caso-controle. Ver Metodologia.
Os casos foram definidos a partir de indivíduos positivos por meio de testes de RT-PCR positivos ou de fluxo lateral positivos, comparados com indivíduos com RT-PCT ou testes de fluxo lateral negativos.
Entre 1º de janeiro e 22 de março de 2022 – período durante o qual o omicron foi a variante predominante no Brasil.
Analisamos a eficácia da vacina em indivíduos previamente infectados usando dois grupos de referência: não vacinados com ou sem infecção prévia.
918.219 testes de 899.050 indivíduos foram elegíveis para inclusão em nossas análises.
Durante a onda Omicron, a eficácia na prevenção da reinfecção por uma infecção passada foi baixa, comparando com aqueles que não foram vacinados sem infecção prévia.
A eficácia na prevenção da reinfecção aumentou com a vacinação por qualquer tipo de vacina, especialmente após uma dose de reforço. A proteção tem diminuído com o tempo.
A proteção contra resultados graves após uma infecção anterior foi relativamente alta, aumentando com a vacinação.
Vacinação com infecção prévia mostrou um aumento moderado na proteção contra infecção sintomática. Essa proteção também diminui ao longo do tempo. Foi identificada proteção substancial contra resultados graves após o reforço vacinal.
Durante um período em que o omicron era a variante dominante do SARS-CoV-2 no Brasil, uma proteção robusta contra doenças graves era oferecida por uma infecção anterior.
A imunidade híbrida aumentou a proteção a casos mais graves da doença durante a onda Omicron no Brasil.
No entanto, contra a infecção sintomática, mesmo indivíduos reforçados com imunidade híbrida apresentaram baixos níveis de proteção e a proteção diminuiu ao longo do tempo.
Doses de reforço em indivíduos previamente infectados ofereceram um aumento moderado, mas transitório, na proteção contra infecção sintomática e uma leve melhora contra desfechos graves.
Esforços futuros devem se concentrar na prevenção de infecção sintomática ou doença grave, considerando o aumento moderado e transitório da proteção oferecida pelos reforços vacinais contra a infecção sintomática e a provável endemicidade do SARS-CoV-2.